segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Globo Azul.

Felipe parecia mais como alguém que tinha encontrado um baú cheio de tesouros. Ficou paralisado por um breve minuto, que em sua cabeça pareceu uma hora, pensando nas possibilidades que o destino lhe trouxera, e pegou uma bola azul que encontrou num beco entre a rua da padaria e a rua de sua casa.

Ao longo de sua infância, que passava rápido como um avião, ele esperava por este momento como se fosse o momento de seu primeiro beijo, ou como se tivesse feito um gol na decisão dos times do bairro.

Na maior das verdades aquela não era a melhor hora de encontrar seu tesouro. Ele vinha da padaria, bolsa e braços cheios de sacolas de arroz, que sua mãe pedido para que fosse comprar. Eu e você não deixaria as obrigações para traz ao encontrar no meio da rua uma bola, mas aquela bola azul que Felipe encontrou no caminho da padaria para casa não era uma bola de futebol comum.

Se tratava do globo azul, era como se um acordo entre todas as crianças, do mundo, tivesse sido feito para que esta bola fosse uma brincadeira a nível nacional. A bola não tinha dono, mas pertencia a quem a encontrasse. Estar com O Globo Azul, como era chamada, significava ser o garoto com quem todas as crianças queriam brincar. Significava, no mundo das crianças, poder. Quem a possuísse, nem que fosse por um dia como diz a regra, seria o dono da brincadeira e ditaria as regras. O grande objetivo da brincadeira era conseguir fazer ela decolar, geralmente acontecia no final da tarde, pois ela, com um poder mágico, voava e não voltava mais. E isso era incrível, do ponto de vista da garotada.

Felipe não podia sair por ai chutando a bola, pois logo outros meninos e meninas veriam que ele tinha a encontrado, então colocou a bola debaixo do braço, e com muita dificuldade continuou o caminho para casa. Continuou seu caminho com cuidado, ele sabia que bastava alguns murmúrios para que a rua estivesse cheia. Mas seguiu para sua casa.
Ao passar pela casa de seus vizinhos, sentiu vontade de mostrar que era o dono da bola, mas desde o inicio teve a ideia de fazer com que seu irmão a encontrasse, pois este precisava de amigos mais do que ninguém. Seria como encontrar a coroa que dava plenos poderes de rei e entrega-la a outra pessoa, dando-lhe não so o objeto mais os benefícios que ele traria

Gustavo era irmão de Felipe e estava em seu quarto estudando equações do segundo grau. Isso era bem típico de Gustavo pois acreditava nos números mais que nas palavras ou poesias.

Bem, Felipe deveria ser bem inteligente para fazer Gustavo sair do quarto e mais astuto ainda para fazê-lo ir até o quintal, onde colocou a bola de lado da casa de Gyit, o cachorro de Felipe. Mais ainda porque Gustavo, como ja foi comentado, não era tão acessível, ainda mais por um problema que tinha de nascença, ele era preso a uma cadeira de rodas.

Logo após guardar a bola perto da casa de Gyit, com se tivesse caído ali por acaso, Felipe entrou em casa pela porta da cozinha que estava aberta. Saia muita fumaça de la de dentro, era vapor pois sua mãe estava preparando arroz ao vapor, receita típica e fundamental na região. Praticamente, ao redor do fogão, não se podia enxergar nada, somente a silhueta de sua mãe que virava o arroz mexendo a panela com as duas mãos, numa dança engraçada.


Pensando que não estava sendo visto, pela quantidade de vapor que subia no rosto da mãe, colocou os sacos de arroz sobre a mesa e seguiu direto para o corredor que levava para os quartos.


-Porque os sacos de arroz estão sujos de poeira? - perguntou num tom de voz médio, ao pegar um saco de arroz com um sinal redondo como se fosse feito por uma bola.


Escutou sua mãe perguntando isso ao entrar no quarto de Gustavo e, como se escondesse um segredo, fez
questão de fingir não escutar. Gustavo ouviu sua mãe falando algo na cozinha mas quando olhou em direção a porta, pensando em ir ver o que a mãe queria, avistou Felipe de olhos arregalados.


-Gustavo! Gyit esta morrendo!

Foi a coisa mais besta que conseguiu pensar em falar para fazer com que Gustavo saísse do quarto e fosse de encontro a bola que tinha escondido. Era uma mentira cretina, mas a recompensa seria suficiente para ganhar o perdão de Gustavo pela mentira contada.


- Como assim? O que você esta me dizendo? - Gustavo fez um movimento tipico de uma pessoa que iria se levantar mas foi impedido pelos problemas que tinha na perna.



Venha comigo, ele esta na casinha.



Ao chegarem no quintal logo perceberam Gyit correndo de um lado para outro. Os dois irmãos se cruzaram olhares e Felipe se dirigiu ao lugar onde o animal dormia. Antes de responder qualquer coisa ou de deixar que Gustavo falasse, seu irmão pegou o globo azul e jogou no em seu colo.

Gustavo não via a cor do céu a muitos dias e a luz do sol era muito forte para olhos que se acostumaram a escuridão. A alegria agora caio em seu colo num formato circular, na forma de um objeto perfeitamente redondo, e seu sorriso se abriu como um arco iris no ar.
Em questão de dez, oito minutos ja estavam na rua, brincando com crianças que vinham de todas as ruas vizinhas, e todas ficaram muito surpresas por Gustavo esta com a bola, pois todos o amavam, o único impencilio de Gustavo era seu próprio humor.
Porém neste dia ele pode fazer outras pessoas felizes.
...


Como se isso não fosse comum em sua vida.
Gustavo era Governador do estado onde morava.

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